Ausência parental se trata de uma situação na qual um ou ambos os pais não estão presentes da vida de uma criança ou adolescente devido a motivos diversos.
Sendo temporária ou permanente, ela pode afetar diferentes aspectos da vida dos filhos, incluindo seu desenvolvimento emocional, social e acadêmico.
É um cenário bastante desafiador, uma vez que, dependendo da razão pela qual os pais estão ausentes, isso acaba gerando sequelas que se arrastam para a vida adulta.
Consequências da ausência parental na primeira infância
A primeira infância é a fase dos primeiros cinco anos do indivíduo e considerada a mais importante para o desenvolvimento da criança, já que é nela que se formam os sistemas cognitivos, emocionais, personalidade, entre outros aspectos. Ou seja: durante esse período crucial de crescimento e aprendizado, a presença e o envolvimento dos pais desempenham um papel fundamental no estabelecimento de vínculos seguros e no desenvolvimento de habilidades sociais, emocionais e cognitivas.
É por conta disso que a ausência parental acaba trazendo consequências negativas na primeira infância. Algumas delas são:
1 – Vinculo afetivo:
A presença dos pais na primeira infância é essencial para a formação de um vínculo seguro entre a criança e seus cuidadores. Assim, esse laço saudável é crucial para o desenvolvimento emocional e social da criança.
Então, a ausência de afetos nesse estágio pode levar a problemas de apego, dificuldades em regular emoções e relacionamentos instáveis mais tarde na vida.
2 – Desenvolvimento cognitivo:
Durante a primeira infância, o cérebro da criança está em um período sensível.
Assim, a interação com os pais desempenha um papel vital na estimulação cognitiva e no desenvolvimento das habilidades linguísticas e motoras.
Assim, não ter a presença dos pais nessa fase acaba resultando em falta de estímulos adequados, além de afetar o desenvolvimento cognitivo da criança.
Isso geraria atrasos no aprendizado, habilidades acadêmicas mais baixas e dificuldades de atenção.
3 – Habilidades sociais e emocionais:
Nos primeiros cinco anos de vida, as interações com os pais fornecem às crianças oportunidades de aprendizado social, como compartilhar, cooperar e resolver conflitos.
Então, sem esse tipo de experiência, o resultado é dificuldade no desenvolvimento de habilidades sociais, como empatia, autocontrole emocional e habilidades de comunicação.
4 – Regulação emocional:
Os pais desempenham um papel importante no ensino das crianças a regular suas emoções e a lidar com o estresse, frustrações e outros tipos de sentimentos que os pequenos ainda não sabem nomear.
A ausência parental, então, pode afetar a capacidade da criança de regular suas emoções, levando a problemas como dificuldade em lidar com o estresse, ansiedade e comportamento impulsivo.
5 – Autoestima e segurança:
Ter os pais de maneira presente em sua vida fornece uma sensação de segurança e apoio emocional para a criança, além de causar mais confiança em seus pensamentos e ações.
É por conta disso, por exemplo, que a sua autoestima pode acabar não se desenvolvendo, levando a sentimentos de insegurança, baixa autoconfiança e falta de resiliência emocional.
Estão relacionados a essa etapa os sentimentos de solidão, tristeza e frustração devido à falta de interação e apoio emocional dos pais, já que eles não se sentem amados.
Como a ausência parental afeta a segunda infância
Essa fase ocorre entre os 6 e 12 anos de idade, e as consequências da ausência parental já começam a se manifestar de outras formas.
Assim, nessa etapa, as crianças estão em um estágio de crescimento e aprendizado importantes, e a presença e o envolvimento dos pais e a administração de conflitos e relações familiares continuam sendo essenciais para o seu bem-estar.
Aqui estão alguns dos efeitos da ausência parental durante a segunda infância:
1 – Desenvolvimento acadêmico:
Quando os pais estão ausentes, as crianças podem enfrentar dificuldades em se concentrar nos estudos, falta de apoio nas tarefas escolares e menos estímulo para o aprendizado. Então, isso resulta em um desempenho acadêmico inferior e menor motivação para alcançar o sucesso escolar.
2 – Habilidades sociais e relacionamentos:
Durante a segunda infância, as crianças estão desenvolvendo habilidades sociais, como a capacidade de fazer amigos, colaborar e resolver conflitos.
A ausência parental pode limitar as oportunidades de interação social e aprendizado dessas habilidades, já que existe a dificuldade em estabelecer relacionamentos saudáveis e em lidar com situações sociais desafiadoras.
3 – Independência e responsabilidade:
Esse é um período em que as crianças estão começando a desenvolver sua independência e responsabilidade e a presença dos pais é fundamental para orientar e apoiar as crianças nesse processo.
Ou seja, sem eles, ocorre uma falta de orientação, supervisão e oportunidades para a criança aprender a tomar decisões independentes e assumir responsabilidades.
Os efeitos da ausência parental na adolescência:
Este é um período bastante importante na formação de um indivíduo, uma vez que, durante essa fase, os adolescentes estão se tornando mais independentes, explorando sua identidade e enfrentando desafios emocionais e sociais.
Entre os efeitos da ausência parental para adolescentes estão:
1 – Comportamento problemático:
A falta de supervisão e orientação dos pais durante a adolescência pode aumentar o risco de envolvimento em comportamentos problemáticos.
Os adolescentes, por exemplo, muitas vezes, acabam buscando atenção e validação em grupos de pares negativos e de má influência, envolvimento em comportamentos de risco, como o uso de substâncias, delinquência, iniciação sexual precoce e desempenho acadêmico inferior.
2 – Autonomia e tomada de decisões:
Durante a adolescência, os jovens estão desenvolvendo sua autonomia e aprendendo a tomar decisões responsáveis.
Sem os pais e apoio de maiores responsáveis, portanto, eles acabam fazendo escolhas impulsivas, além de possuir falta de habilidades de resolução de problemas e menor capacidade de assumir responsabilidades.
3 – Saúde Mental:
A ausência parental pode aumentar o risco de problemas de saúde mental na adolescência — o que também acaba impactando na vida adulta.
Assim, as pessoas que experimentaram a falta dos pais são mais propensas a desenvolver depressão, ansiedade, transtornos de estresse pós-traumático e outros problemas de saúde mental.
Como lidar com a ausência parental:
Lidar com a ausência parental pode ser desafiador, mas existem estratégias que ajudam a enfrentar essa situação.
Veja como lidar ou orientar crianças para que elas aprendam a viver com essa realidade sem que esses efeitos negativos causem grandes impactos em suas vidas:
1 – Construir outras redes de apoio:
Apesar da importância dos pais na vida de uma criança, é perfeitamente possível criar uma rede de apoio e afeto para que ela não sinta que a ausência parental é uma situação determinante em seu dia a dia.
Todos os ensinamentos mencionados sobre desenvolver habilidades emocionais, lidar com sentimentos, habilidades cognitivas, autoestima, orientação moral, entre outras, podem ser tranquilamente ensinadas por outros adultos significativos e queridos. Ou seja, mentores, professores ou conselheiros, além de tios, avós, primos e amigos da família acabam ajudando a mitigar os efeitos negativos.
Estabelecer redes de suporte e fornecer oportunidades para a criança e o adolescente se envolver em atividades construtivas e saudáveis pode ser benéfico para o seu desenvolvimento durante essa fase desafiadora.
2 – Buscar suporte profissional:
Se sentir que a criança está enfrentando dificuldades significativas em lidar com a ausência parental, considere buscar suporte profissional.
Um terapeuta, conselheiro ou psicólogo pode ajudá-la a explorar e enfrentar questões emocionais mais profundas relacionadas a esse problema, bem como fornecer ferramentas e estratégias para lidar com essa situação
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