Uma das possíveis definições da mulher contemporânea, é: aquela que através dos anos conseguiu sua inserção no mercado de trabalho, sua liberdade sexual e reprodutiva, conquistou sua independência financeira e seus direitos políticos.Mas será que essa é a realmente a visão social da mulher atualmente?
Existe um desejo genuíno para que a mulher seja entendida dessa forma, mas a expectativa infelizmente está longe da realidade; mesmo em 2024. Segundo o cientista político Paulo Racoski, houve um período na história em que a mulher foi considerada uma “divindade” e também a figura líder na comunidade, até que a sociedade se reagrupou de tal maneira e o homem passou a ser o centro de tudo. Surgindo assim uma sociedade com valores patriarcais em que homens mantêm o poder de funções de liderança política, exercendo autoridade moral e de privilégios sociais, enquanto a mulher, sem vontade própria, deve prestar serviços a essa figura masculina.
Houve avanços desse modelo social ao longo da história; sendo o evento da segunda guerra mundial crucial para uma mudança desse paradigma – a necessidade de inserção das mulheres no mercado de trabalho.
Era para ter ocorrido uma transformação da visão do papel feminino, mas na verdade isso não aconteceu. O que ocorreu, foi um acréscimo de tarefas cotidianas. A mulher então além dos afazeres domésticos e cuidados com os filhos, passou a ter jornada de trabalho como seus parceiros, ou seja, ter uma jornada exaustiva de afazeres e cobranças intermináveis.
Surgiu então a expressão, que na verdade é um mito: mulher multitarefa; aquelas que são capazes de fazer muitas coisas ao mesmo tempo. Mas, estudos apontam que nenhum cérebro humano é capaz de realizar múltiplas tarefas ao mesmo tempo. Na verdade, as mulheres se tornaram multi atarefadas, mas a que preço?
Múltiplas tarefas geram sobrecarga, stress e possíveis transtornos mentais. A mente cansada favorece e multiplica erros, além de prejudicar a memória a curto prazo; e o não cumprimento dessas metas e tarefas causa frustração, expectativas irreais e leitura errônea de si mesmo. Além das mulheres terem que lidar com o peso dessas crenças errôneas de ser supermulheres, elas também se deparam com questões práticas como organizar a rotina para poder administrar sua vida pessoal, profissional e familiar.
Existe dificuldades de inserção no mercado de trabalho, resistência das empresas na absorção da mão de obra feminina, demandas maternas, cuidado com as crianças, entre outros. Ainda nos dias atuais as mulheres não são vistas tão produtivas como são os homens e também não são remuneradas como os mesmos.
Segundo últimos estudos do IBGE, homens recebem 22% a mais que as mulheres e de acordo com o Relatório Global Gender Gap Report de 2020, ainda faltam cerca de 100 anos para reverter o atraso da percentagem da mão de obra feminina no mercado de trabalho. Índices globais apontam que: 38,8% de mulheres trabalham, enquanto o índice para homens é de 61,2%.
Esse cenário é resultado de uma construção histórica social, mas ainda muito aquém do espaço e papel almejado pela mulher na sociedade. A mudança dessa construção histórica, é um processo, ou seja, lento e gradual. Houve muitos avanços e conquistas femininas, mas também há muito a se conquistar.
Para além da reorganização do papel da mulher nas múltiplas esferas sociais, é necessária uma mudança de perspectiva individual sobre o que significa ser mulher: desconstrução de estereótipos, auto cobranças, culpas, equilíbrio entre as tarefas exercidas.
Ao assumir a postura de mulher contemporânea, produtora de sua própria história, conquistas e direitos, a mulher não pode se esquecer que também é um ser humano, com qualidades, defeitos, falhas e limites. Cada uma tem seu ritmo, seu tempo e singularidade.
Apressar o passo pode significar desequilíbrio físico e mental. Talvez o principal impasse então, seja reconhecer que mulheres reais são feitas de desafios, sonhos, conquistas e direitos.
Então mulher, carregar o mundo nas costas, como muitas vezes fazemos, não é tarefa fácil, muito menos emocionalmente saudável! Sendo necessário se priorizar, se cuidar e tirar um tempo para fazer as coisas que você gosta.
O autocuidado é o maior ato de amor consigo mesma!
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Grande abraço e até o próximo artigo!