“Fazer o que se ela gosta de sofrer e só se relaciona com homens cafajestes?” — você possivelmente conhece alguém assim, ou já escutou essa expressão.
Pois é, se pararmos para refletir sobre as escolhas amorosas que fazemos, não encontramos respostas óbvias: o que desperta nosso interesse em outra pessoa? Quais características nos atraem? Qual é o nosso verdadeiro desejo: segurança e estabilidade emocional ou aventura, intensidade e paixão? Aqui pairam as interrogações!
Mas, por trás de todas essas dúvidas se revela uma certeza: não conseguimos compreender nossos próprios desejos, eles são concebidos por detalhes e regidos pelo inconsciente. Então, vamos explorar um pouco mais esse tema?
O que significa ser um homem cafajeste?
O termo “homem cafajeste” sugere uma característica negativa, uma falha de caráter. Mas, se seguirmos além dessa dicotomia de “certo e errado, bom e mau”, veremos que o que existe é uma diferença de valores e a incompatibilidade de objetivos.
O cafajeste não é uma pessoa totalmente mal intencionada, que pretende destruir corações por onde passa. É mais fácil compreendê-lo como um aventureiro, guiado por suas emoções e pelo prazer de viver intensamente.
Ao entrar em uma relação, o homem cafajeste está desfrutando do sentimento que o impulsiona aqui e agora, sem visão de futuro, sem avaliar consequências. Mas, quando o fogo começa a abrandar, ressurge também o seu jeito característico de agir, baseado em:
- inconstância;
- falta de comprometimento e dedicação de tempo;
- pluralidade de compromissos que não incluem a parceira;
- não priorização da relação;
- foco apenas nos próprios prazeres;
- desconsideração do sentimento alheio;
- incongruência entre falar e agir.
Alguns homens que se enquadram nessa definição podem agir de forma proposital, enquanto outros têm boas intenções, mas simplesmente não conseguem mudar seus hábitos e personalidade.
As escolhas amorosas são influenciadas pelas vivências da infância?
As experiências vividas nas primeiras relações afetivas, estabelecidas desde o nascimento, ficam arquivadas em nosso inconsciente e são refletidas nos relacionamentos que construímos ao longo da vida.
Nas relações primárias, começamos a internalizar o significado do amor, a segurança que ele pode (ou não) nos proporcionar, e se somos dignos e merecedores desse afeto.
Acolhimento, rejeição, carinho, proteção, abandono — tanto as boas sensações quanto as angústias vividas na primeira infância são referências que temos para a formação de novos vínculos afetivos. Assim, ou buscamos no parceiro sensações semelhantes às que tivemos no passado, ou esperamos encontrar uma versão idealizada dessas relações.
Quais outros conceitos estão relacionados à preferência por homens cafajestes?
Bom, um tema tão complexo quanto esse requer uma análise aprofundada para total compreensão. Contudo, podemos abordar alguns conceitos que estão associados às nossas escolhas:
Autossabotagem
Freud acreditava que possuímos um campo de “irracionalidade” em nosso aparato psíquico, que dá origem aos padrões de pensamento e comportamento que prejudicam a nós mesmos, mesmo que de forma inconsciente.
Ainda que nos tragam sofrimento, tendemos a repetir os mesmos erros, o que nos coloca num ciclo de busca pelo prazer — frustração — desprazer.
De modo simbólico, Freud atribuía tal irracionalidade à prevalência de Tânatos (pulsão de morte) sobre Eros (pulsão de vida), definidas como duas forças opostas que agem em nossa mente.
Narcisismo
Existem, segundo Freud, dois caminhos que nos levam a uma escolha amorosa: o tipo “anexador” — a escolha de alguém que protege, ampara — e o narcisismo.
A escolha narcisista nos leva à procura de alguém semelhante a nós, ou de como gostaríamos de ser, o nosso “eu idealizado”. Isso indica que buscamos no outro o reflexo de nós mesmos, mas sem os nossos defeitos.
Masoquismo
Partindo desse conceito, mulheres que preferem homens cafajestes estariam dispostas a manter relacionamentos não saudáveis pelo pouco ganho e prazer que representam, apesar das dores que estão assimiladas aos prazeres.
A relação entre prazer e poder, domínio e submissão, também pode ser avaliada por esse prisma. Contudo, para conhecer profundamente a origem da preferência por homens cafajestes, é necessário conhecer a si mesma e descobrir as verdades que estão guardadas em cada interior. E, nesse sentido, a psicoterapia é o melhor caminho para o autoconhecimento e para a formação de vínculos saudáveis!
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