Embora a rejeição seja um sentimento comum, afinal estamos todos suscetíveis a ter de enfrentá-la em algum período ou situação, o fato é que nunca estamos preparados para lidar com ela. Rejeitar é o mesmo que recusar, resistir, desaprovar, e não é nada confortável enfrentar esse tipo de negação.
A rejeição é uma experiência que causa fissuras na nossa autoestima, como se o entorno sinalizasse que não somos importantes e internalizamos esse sentimento como se fosse uma verdade sobre nós.
Por isso, a rejeição tende a machucar tanto. Temos a necessidade de aprovação e de acolhimento e, apesar de a rejeição não ocorrer, necessariamente, por algo intrínseco de quem a sofre, pois ela pode ser uma questão do outro, alimentamos uma tendência à culpa. Não é simples atribuir importância a si próprio, e se essa rejeição se repete, vamos ficando frágeis emocionalmente.
Quais os impactos de uma rejeição?
As rejeições fazem parte da construção de nossa identidade, comportando elementos conscientes e inconscientes. Suas marcas podem ser agravadas, elaboradas ou ressignificadas, dependendo de seu grau de intensidade e duração e das nossas experiências reais e simbólicas.
A forma como somos aceitos ou rejeitados interfere nos sentimentos que temos em relação a nós mesmos como valorização, depreciação ou descrédito. Por isso, sentir-se rejeitado pode causar muitos danos emocionais. Sofrer rejeição em diferentes fases do desenvolvimento podem ocasionar problemas sérios na autoimagem e autoestima.
Quanto mais precoce e intensa a percepção de rejeição, maiores são os danos emocionais. Afinal, ser rejeitado causa sempre uma sensação de desconforto, mas se isso acontece na infância os danos tendem a ser mais profundos, influindo até mesmo na maneira como o indivíduo irá lidar com a rejeição ao longo de sua vida. Uma criança rejeitada tende a se tornar um adulto inseguro, com pouca consciência sobre si mesmo e mais dependente. Podendo, muitas vezes, se sujeitar a relacionamentos abusivos ou mesmo relações cotidianas de subserviência.
O cancelamento é uma forma de rejeição
É esperado que o adulto tenha uma forma mais positiva de lidar com a rejeição. Porém, boa parte das pessoas possui lacunas no desenvolvimento de alguns processos como auto aceitação e autonomia, podendo levar a um sofrimento extremo em função da rejeição. Na atualidade, lidar com a rejeição tem sido mais complicado, pois ela ocorre de maneira rápida, direta e instantânea. E este é um sentimento que precisa ser elaborado. A questão da rejeição acaba provocando o medo de ser ‘cancelado’, situação em que o sujeito passa por uma espécie de linchamento (rejeição virtual), em função de seus posicionamentos, conferindo ao ‘cancelador’ o crivo da superioridade.
Em suma, a rejeição interfere em todos os âmbitos de vida, mostrando que a pessoa não atingiu uma maturidade emocional e podendo potencializar a experiência de negação do seu ser, de seu modo de pensar e agir. É comum pessoas renunciarem, mesmo que por um tempo, características pessoais para se confirmarem em um grupo social. Cada indivíduo possui um limiar do que pode conceder em nome da aceitação e conformação social, mas se ceder muito isso será convertido em sofrimento, perda de identidade, distanciamento e outros estados emocionais negativos.
Como lidar com a rejeição sem sofrer tanto?
Para aprender a lidar com o sentimento de rejeição é necessário, antes de mais nada, passar por um processo de autoaceitação. Quem teve relações mais seguras e acolhedoras na infância parte melhor para seu desenvolvimento até a idade adulta. Falhas nessas relações e no desenvolvimento da autorregulação emocional levam a formas menos adaptadas de lidar com a rejeição. Por isso, listamos algumas dicas essenciais para reverter isso e enfrentar este tipo de situação sem tanto sofrimento.
1. Autoconhecimento:
Conhecer-se leva a uma aceitação realista de si, dos aspectos positivos e negativos de sua personalidade;
2. Observação:
Analisar os gatilhos que reatualizam situações de abandono e que podem gerar no presente situações de dependência emocional;
3. Avaliação:
Perceber se essa dificuldade é tolerável, pois se provoca sofrimento e torna o sujeito disfuncional, é imprescindível buscar ajuda profissional;
4. Auto compaixão:
Sem excesso, ajuda o indivíduo a ter uma visão mais realista sobre si, sem tantas críticas e sentimento de culpa;
5. Auto aceitação:
Ajuda na aceitação da forma como a pessoa é e enfrenta seus próprios critérios e experiências pessoais para encarar a vida, deixando-a mais autocentrada e confiante;
6. Autonomia:
Surge a partir do desenvolvimento da autocompaixão e auto aceitação. Tais processos auxiliam a lidar de uma forma mais positiva com a rejeição, com a chance de cada vez menos responder às expectativas dos outros e à conformidade social;
7. Controle:
Colocar-se numa posição de inferioridade de forma recorrente pode fortalecer as distorções cognitivas que contribuem para interferir na forma como encara os fatos. Por isso, é importante manter pensamentos negativos e que o jogam para baixo sob controle;
8. Crie oportunidades:
A dor da rejeição pode ser superada ao criar novas conexões que priorizam a valorização e aceitação da pessoa como ela é. Não fique preso ao que o faz mal, sempre é importante avançar para novas conquistas
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