Planejar o tempo e fazer listas para se organizar sempre foi um hábito saudável e muito recomendado. Sabemos que não podemos contar apenas com nossa memória para lembrarmos e contemplarmos tudo que é prioridade em nossa rotina.
A tecnologia nesse sentido tem sido amiga, criando diversos aplicativos para organização de tarefas, alarmes e lembretes para que não nos percamos no meio de tudo.
Contudo, precisamos nos atentar para quando essas listas passam de simples coadjuvantes e auxiliares para algo além do prioritário, contendo prazos irreais e itens surreais e desumanos, em que se é praticamente incapaz de realizar.
Não raro pessoas começam a se sentir incapazes, frustadas e tristes por acharem que não cumpriram com o que deveriam e esse sofrimento as devora. Se você já se sentiu assim ou conhece alguém que se sente, então o alerta a seguir é importante!
Não importa se sua lista é apenas para hoje ou para a semana, se é lista de tarefas do mês, do ano, ou até daquelas: “Antes dos 30 anos eu vou…”… Se ela não for editável, você se sentirá inferior e frustrado(a) em algum ponto do caminho. Essa é uma equação infalível, pode ter certeza disso.
As listas não devem ser um instrumento de escravidão, fazendo com que as pessoas passem a correr contra o tempo e contra si mesmas e sua saúde, apenas para ao final colocar um “ok” na frente de seus itens. Elas são sim uma espécie de guia, todavia para nos assistir, não obrigar.
Ou seja: sim, elas tem um lado positivo, contudo, com a velocidade que nossa vida vem adquirindo, a ambição e pressa que as novas gerações tem de realizar seus sonhos, não condiz com o ritmo que o dia nos impõe, dentro se seus limites.
Vamos pensar: quando é que foi que tudo deu sempre certo?! Nunca, não e mesmo? Sabemos que não são todas as pessoas que cumprem com a parte que lhes cabe, e que a maior parte das coisas não depende só de nós para ocorrer, por isso há tanta ansiedade, depressão e estresse em nossa atualidade.
A vida orgânica não funciona como a tela do seu smartphone, onde com um toque você resolve muitas coisas em frações de segundo. Nas 24 horas do dia, temos inúmeras necessidades e prioridades, incluindo dormir, tomar banho, comer, passar horas no trânsito etc. O que nos faz levar mais tempo do que gostaríamos ou do que planejamos para concluir nossas tarefas. Mas está tudo bem! Com todos é assim! O tempo é o mesmo sempre.
Portanto, pegue mais leve com você, tenha certeza que você realiza muito mais do que imagina. Não se exija algo tão grandioso em pouco tempo. É perfeitamente possível quebrar suas metas em tarefas mais possíveis de encaixar no dia, na semana, tornando tudo muito mais provável de acontecer e prazeroso de realizar.
Você já pensou que se fizer tudo que quer até os 30 ou 40 anos, não sobrará muito mais o que fazer de importante no resto de sua vida? Se antes dos 30 ou 40 você for gerente, nível sênior no seu cargo, viajar o mundo, falar 5 idiomas, for casado, ter filhos, formação e pós-graduação, não vão sobrar muitos sonhos para se atingir no restante de toda a sua vida.
Não devemos nos esquecer que a longevidade tem alcançado níveis cada vez mais altos. Nunca chegamos tão longe no envelhecimento. E se você pretende viver com saúde até os 80, 90 ou 100 anos, você precisa ter sonhos e coisas para realizar até lá.
Como já me disseram uma vez: “Natália, não gasta tudo hoje, deixa um pouco pra amanhã”. Se nossa energia se esvai e nos sentimos cada vez mais distantes da satisfação, ficando mais infelizes e sobrecarregados, não saberemos entender a beleza da simplicidade, apreciar os momentos breves e significativos que temos com as pessoas, ou mesmo em nossa solidão, tão importante às vezes.
Desejamos que em 2018 suas resoluções e listas sejam mais próximas da sua realidade que você saiba se contentar e ser grato(a) com tudo isso. Todos temos muito a aprender e temos muito a oferecer também. Se você se preocupar e se ocupar apenas com as suas listas, seus sonhos e metas, sua satisfação e realização, pode ser que um dia você olhe pra trás e não tenha sobrado ninguém, e ao olhar pra frente não haja mais nada.
Grande abraço!