O nosso cérebro é um órgão que investe energia em suas funções executivas assim como qualquer outro, e caso exista algum processo utilizando parte de sua energia enquanto tentamos nos concentrar em outra tarefa a capacidade de focar em qualquer uma das duas torna-se limitada.
As distrações nos dias de hoje estão completamente acessíveis, é um smartphone que está em cima da mesa de trabalho/estudo, o toque do telefone, um pop-up dizendo que acabou de lançar um episódio da nossa série favorita, dentre outros concorrentes.
Gestalt-Terapia dá uma vasta fundamentação teórica que pode nos ajudar a entender o fenômeno da distração, consiste na teoria da Psicologia da Gestalt de figura/fundo. Quando priorizamos uma atividade ela torna-se figura para nosso organismo (pode-se entender figura como uma prioridade de execução), porém caso outros elementos ofereçam alternativas diversas nosso organismo fica justapondo a nossa prioridade com outras atividades. Vamos para um exemplo de forma que fique mais didático: No momento estou escrevendo esse estudo, tive o cuidado de tirar o smartphone da mesa no intuito de focar apenas na execução dessa tarefa. Caso meu celular tocasse escrever esse artigo viraria fundo e atender a ligação seria a figura – a necessidade mais emergente no momento presente.
Alguns de nós conseguem estudar e ouvir música sem a confusão da justaposição de prioridades e atividades secundárias, porém nem todos têm essa habilidade.
E se tratando de atividades que limitam nosso raciocínio fiz um compilado de 6 hábitos que geralmente limitam o nosso poder de raciocinar na execução da atividade que priorizamos.
1. Ruminação
O hábito de repetir eventos ou pensamentos perturbadores, frustrantes e angustiantes pode estimular a consecução de emoções negativas, e potencializar atitudes autodestrutivas. O ciclo vicioso provocado pela ruminação prende nossa psique em uma armadilha perigosa. Essas desordens psicológicas consecutivas afetam severamente os recursos intelectuais, bem como nossa saúde mental e física.
2. Culpa não resolvida
A culpa tem sua origem eventual em questões mal resolvidas do passado. Mágoa e ressentimento acumulados são como o câncer: crescem a cada dia e podem nos destruir física e emocionalmente. É claro que todos nós nos sentimos culpados de tempos em tempos e, quando o fazemos, pedimos desculpas ou agimos para resolver uma situação e sanar esse tipo de sentimento. Porém, a culpa não abordada que retorna periodicamente cria uma distração cognitiva prejudicial ao nosso raciocínio, já que a sensação de remorso aprisiona a mente ao invés de libertá-la.
3. Reclamação ineficaz
Todos nós precisamos botar para fora frustrações e discordâncias em relação ao mundo e sobre o que acontece em nosso entorno, e fazemos isso na forma de reclamações. Mas muitas delas são ineficazes praticamente, e não levam a nada além de um alívio emocional periódico. É comum externarmos nossas histórias tristes com a intenção de liberar raiva, mágoa, ódio e ressentimento, mas é incomum que façamos esses relatos de forma a encarar os fatos sob uma perspectiva não pessoal, que talvez elucidasse o problema. Raiva e frustração exigem muita energia mental, desgastam, e isso acaba drenando nossa capacidade intelectual, no fim das contas.
4. Rejeição e autocrítica severas
A rejeição cria um impacto emocional tamanho que essa tribulação afeta diretamente nosso humor. Lidar com a rejeição, no sentido de entender que ela é factual, corriqueira, é uma vantagem estratégica sobre a frustração ou tristeza. Às vezes, a rejeição pode acarretar em autocrítica demasiada, tão ou mais severa que a própria rejeição. Julgamentos precipitados e falsas atribuições são comuns ao enfrentar uma rejeição, principalmente quando ela vem das pessoas que creditamos as maiores expectativas. Querer eliminar a injustiça no mundo ou suplicar por reconhecimento de todas as pessoas que nos importamos toma muito tempo e esforço mental, o que faz nublar algumas habilidades cognitivas relacionadas ao potencial de raciocínio.
5. Pessimismo exagerado
Assim como remoer o passado (e não aprender com ele) nos impede de raciocinar de maneira íntegra, imaginar futuros catastróficos (hábito comum de pessimistas) é algo degradante para efeitos intelectuais práticos. Resgates mentais malsucedidos não salvam nosso presente, assim como predições negativas facilmente se tornam profecias autorrealizáveis. O poder de raciocínio se intensifica quando nossa concentração está livre de reminiscências vazias e profecias desastrosas.
6. Obsessão contínua
A maioria das pessoas não considera uma preocupação como sendo prejudicial, pois associam-na a qualquer responsabilidade que se possa assumir. Entretanto, uma simples preocupação pode virar obsessão, e não é um exagero admitir que toda obsessão é corrosiva, de uma forma ou outra. Se estamos preocupados, priorizamos a preocupação em nossas mentes, e mais facilmente a controlamos. Mas se estamos sendo obsessivos, a obsessão é que nos controla. Esse é um problema grave e incapacitante, pois oblitera nosso senso de raciocínio e pensamento.
Agora já sabemos quais comportamentos evitar para potencializar o nosso raciocínio e executar as tarefas que priorizamos.
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Grande abraço!
Referências:
FERRARI J., TICE D. 2000. Procrastination as a self-handicap for men and w omen: a task-avoidance strategy in a laboratory setting. Journal of Research in Personality, 34:73-83.
FREEDMAN L., EDWARDS D. 1988. Time pressure, task performance, and enjoyment. In: McGrath J. ( ed ). The social psychology of time. 11-133. Beverly Hills, Sauge .