Nessa parte encerraremos nossa série de artigos acerca das Constelações. Dessa vez partiremos da etapa da Constelação em Grupo em que inicia-se a solução do caso apresentado e seus desdobramentos, partindo assim para sua finalização. Se você caiu aqui primeiro, volte ao nosso Blog, e busque pela parte 1, pois é lá que tudo começa!
Esperamos que estes 3 artigos, colocados de maneira didática e leve, em três partes, tenha contribuído para seu conhecimento e cultura. Infelizmente ainda não temos como oferecer a Constelação Familiar como uma de nossas modalidades de tratamento, mas o intuito era instruir melhor as pessoas, apresentar maiores informações teoricamente e acredito ter alcançado esse objetivo! Sem mais delongas, vamos encerrar essa série!
4ª etapa
O processo de solução
Existem duas formas de trabalhar nas constelações familiares. A primeira traz a intervenção do terapeuta, que pede a cada um dos representantes que descreva o que lhe acontece. As informações que ele recebe desse modo são puramente factuais e fenomenológicas, sendo excluídas todas as explicações ou interpretações. O terapeuta pode assim mover os representantes a fim de que eles possam se ver ou se afastar uns dos outros. Pode ser até que ele os faça sair da constelação. Mas, quando os representantes ficam habituados a se deixar guiar pelo campo de energia, o terapeuta não intervém mais, deixa o campo operar. Os movimentos são lentos e a energia é muito intensa; nós os
chamamos de “movimentos da alma”, e eles podem levar uma constelação até sua solução sem que se pronuncie uma só palavra.
Em nosso estudo de caso, o terapeuta intervém e faz perguntas:
O terapeuta dirigindo-se à representante da cliente (C1): “O que está acontecendo?”
A representante da cliente: “Só consigo me interessar pelo meu irmão falecido (†F). Não enxergo o meu companheiro (mostrando o representante do companheiro: C).”
O terapeuta ao representante do companheiro: “O que está acontecendo?”
O representante do companheiro: “Só vejo ela (C1), não me interesso por ele († F), quero ir na direção dela.”
O terapeuta ao representante do irmão morto: “O que está acontecendo?”
O representante do irmão morto: “Amo minha irmã, quero ir em sua direção.”
O irmão falecido e sua irmã caminham lentamente um na direção do outro e se abraçam. Ela apoia a cabeça no ombro dele e chora emocionada.
O terapeuta faz uma pausa longa, depois pede à cliente que tome seu lugar na constelação.
Neste momento substitui o representante pelo cliente .
Às vezes, os clientes representam a si mesmos no começo da constelação. Em outras ocasiões, como no nosso exemplo, esse lugar é ocupado por uma pessoa qualquer até o momento em que o terapeuta pede ao cliente que assuma o lugar que seu representante agora deve abandonar. Isso ocorre muito lentamente e com muita delicadeza.
O terapeuta: “Diga a ele: A vida inteira senti sua falta’.”
A cliente: “A vida inteira senti sua falta.” Muito emocionada, ela acrescenta por conta própria: “Eu queria muito ter você como irmão.”
A cliente parece aliviada ao pronunciar essas palavras; ela balança a cabeça lentamente diversas vezes, à medida que entende o alcance do que acabou de dizer. Depois de algum tempo, a energia se desloca. A cliente deixa seu irmão se afastar dela e recua um passo. Sem soltar sua mão, ela olha seu companheiro pela primeira vez. Ela sorri.
O terapeuta: “Diga a seu irmão: ‘Este é o meu companheiro’.”
A cliente ao representante do irmão falecido: “Este é o meu companheiro.”
O irmão morto olha o companheiro amigavelmente. A cliente atrai seu companheiro para junto de si e solta a mão do irmão morto. Eles ficam diante do irmão e o olham com carinho.
O terapeuta: “Diga a ele (aponta para o irmão morto): ‘Você continua a viver em mim. Eu o reverencio, eu o respeito, e você ocupa um lugar no meu coração. Em algum momento, quando chegar a minha hora, eu me juntarei a você. Enquanto isso, eu lhe peço que vele por mim’.”
5ª etapa
A solução
O irmão morto sorri para ela. O casal se abraça. O irmão se aproxima e envolve o casal em seus braços.
O terapeuta: “Ficaremos por aqui.”
A solução de uma constelação dá aos seus membros a sensação de livrar-se de um peso. Traz paz e satisfação ao seio do campo de energia familiar.
6ª etapa
O ritual de encerramento
Existem inúmeras maneiras de deixar seu papel de representante. Às vezes, os representantes circulam pela sala ou saem para esticar as pernas.
Desempenhar o papel de representante numa constelação familiar é uma experiência muito profunda, o que explica por que às vezes é difícil deixá-lo. O cliente pode ser bem-sucedido nessa tarefa ao se aproximar de cada representante, pegar-lhe a mão e agradecer-lhe, dizendo:
“Obrigado por ter aceitado representar minha mãe/meu pai/meu companheiro/meu irmão… Agora, pode voltar a ser você mesmo (diga o nome do representante).”
7ª etapa
Conselhos para integrar as constelações
O campo de energia de uma constelação é muito sensível. As constelações são capazes de produzir mudanças profundas. Elas põem em movimento mudanças importantes de processos de cura, que progridem lentamente e se estendem, pouco a pouco, aos diferentes domínios da vida do cliente. Isso pode levar às vezes dois anos. É primordial deixar que siga seu curso livremente, sem intervenções.
Por isso, o terapeuta costuma aconselhar o cliente a não falar disso nem com pessoas da família nem com membros do grupo. Ele pede também aos representantes que não falem com um cliente sobre sua constelação, nem lhe perguntem sobre mudanças ocorridas ou sobre os membros de sua família.
Falar do que se passou reduz a intensidade de energia disponível para a solução da constelação. Isso diminui a liberdade que os clientes têm de trabalhar e integrar sua experiência a seu modo, enfraquecendo assim essa experiência.
No entanto, no fim de uma constelação, muitas vezes o grupo troca idéias sobre suas reflexões. Os representantes podem querer dar ao cliente informações que ele achará úteis. E, ocasionalmente, já que esse trabalho não obedece a nenhuma regra absoluta, mas sim ao respeito total àquilo que é (de acordo com a abordagem fenomenológica), o cliente é convidado a contar sua experiência aos membros da família envolvidos na situação.
Nos grupos de Formação em Constelação Familiar em que são colocadas as questões, ou se pede ao cliente que saia da sala, ou se delega a ele a responsabilidade de decidir se quer ficar ou sair.
O cliente deve ter a vontade de integrar aquilo que lhe foi mostrado pela constelação. Isso é feito com sucesso quando seu nível de responsabilidade individual é elevado. Quando esse não for o caso. mas se tratar de clientes que procuram pretextos e desculpas e tornam os outros responsáveis por sua vida infeliz, eles integrarão mal o resultado desse trabalho cujo fundamento é “aceitar as coisas como elas são”.
Espero de coração que tenha apreciado nossa série de textos sobre Constelação, esse tratamento que tem ganhado a atenção de muitas pessoas e cada dia mais espaço na saúde emocional! Se você leu esse primeiro,deve estar confuso(a), então, clique em Blog e vai descendo na tela até encontrar a ‘Parte 1’. Tudo começou ali. Obrigada por seu interesse e leitura. Grande abraço!
Eu que agradeço por sua atenção e interesse em nosso artigo. Um abraço!