Você já se pegou comendo descontroladamente, até a barriga doer, mas não conseguiu parar? Ou ainda, já passou vergonha na frente dos colegas de trabalho por não conseguir controlar a quantidade de bebida que ingeriu no happy hour? Comportamentos que você não pode controlar são conhecidos popularmente como compulsão. No texto de hoje, falaremos sobre alguns dos principais tipos de compulsão e como caracterizar um comportamento compulsivo clinicamente.
O que são os comportamentos compulsivos
Muitas pessoas caem na mentira de que os comportamentos compulsivos são causados apenas por substâncias químicas. Assim, apenas dependentes químicos ou alcoólatras seriam realmente pessoas compulsivas. Contudo, já iniciamos esse texto avisando que isso não é verdade.
Um comportamento de compulsão é aquele que faz com que uma pessoa faça alguma coisa que a princípio dá prazer, mas depois traz culpa e ressentimento. Assim, é verdade que muitos dependentes e alcoólatras se sentem assim, mas muitas outras coisas podem alimentar a compulsão.
Trata-se de um problema muito grande de controle, pois o desejo que impele a pessoa à ação é muito forte.
Compulsão, estímulo e recompensa
O nosso cérebro está condicionado a repetir situações que nos trazem prazer. Trata-se de um circuito de recompensa. Nesse contexto, quando abraçamos uma pessoa que amamos, se esse gesto nos traz prazer, vamos querer repeti-lo novamente. O mesmo vale para a comida, para o sexo e muitas outras experiências que nós apreciamos enquanto seres humanos.
Esse nosso estímulo natural está totalmente associado à liberação de dopamina, que é um neurotransmissor responsável pela nossa sensação de prazer. Por isso dizemos que o cérebro está condicionado para recompensar com prazer uma experiência positiva. A dopamina é liberada quando isso acontece.
Contudo, quando olhamos para o cérebro de uma pessoa compulsiva, observamos que este apresenta uma alteração no que diz respeito à dopamina. Algumas experiências ou substâncias fazem com que esse indivíduo sinta a mesma sensação de prazer tal qual a liberada pelo neurotransmissor. Aqui o problema é que a compulsão leva a pessoa a repetir o mesmo comportamento gerador de prazer várias vezes. Assim, aumenta-se a frequência das atitudes.
Tipos de compulsão mais comuns e fáceis de identificar
Se você apresenta algum dos comportamentos abaixo, é importante procurar ajuda clínica.
1- Compulsão alimentar
Muitas pessoas não conseguem parar de comer. Assim, fazer uma dieta com apenas 6 ou menos refeições por dia é uma tarefa praticamente impossível de alcançar. A pessoa come por alguma razão, como o momento em que se sente ansiosa, e não consegue mais parar. Quando a compulsão se estabelece, toda vez que a pessoa se sentir assim, terá de comer para aliviar o sentimento ruim.
2- Atividade física compulsiva
Enquanto algumas pessoas têm dificuldades para parar de comer, outras não conseguem parar de se exercitar. Isso é muito observado em pessoas que têm transtornos alimentares, por exemplo. No entanto, é possível ter essa necessidade compulsiva para se exercitar para relaxar. Assim, fica claro que a ansiedade pode diminuir de modos diferentes para pessoas diferentes. Umas comem, outras se exercitam, outras dormem para amortecer.
3- Compulsão por trabalho
Há ainda quem tenha uma compulsão pelo trabalho, os chamados workaholics. Pessoas assim não conseguem fazer o desligamento entre vida profissional e pessoal. Muitas até preferem permanecer no ambiente de trabalho do que lidar com elementos da vida pessoal, tais quais:
- o casamento,
- a criação de filhos,
- o relacionamento com os pais,
- as finanças,
- entre outras coisas.
4- Transtorno compulsivo por compras
Na esteira dos problemas que surgem com a ansiedade, surge também a compulsão por compras. Muitas pessoas ignoram as próprias finanças e até extrapolam o orçamento de outras pessoas porque não conseguem parar de comprar. Quase nunca trata-se de algo necessário, mas o prazer de comprar algo leva o indivíduo a continuar gastando dinheiro sem necessidade.
5- Compulsão por jogos
Ainda que não vejamos com frequência bingos ou casas de jogos, muitas pessoas são viciadas tanto no jogo quanto na ilegalidade da experiência. O prazer de ganhar algumas vezes não supera a perda do dinheiro que acontece sempre com mais frequência. Por essa razão, muitas famílias perdem tudo o que têm no jogo. Assim, casamentos acabam, relacionamentos ficam fragilizados e o jogador vive em um eterno loop de excitação e culpa.
6- Onicofagia
Um dos comportamentos compulsivos mais comuns é o da onicofagia. O nome é difícil, mas o hábito é muito conhecido. Trata-se de roer as unhas. Quando a pessoa está compulsiva, ela pode roer as unhas por ansiedade, medo, nervoso ou frustração. Nesse contexto, o que importa é deslocar a atenção do que está trazendo nervoso para algo mais simples. Contudo, essa é uma compulsão que pode trazer doenças e ainda deixar os dedos em carne viva.
7- Tricotilomania
Um outro hábito bem comum que tem o nome difícil é o de arrancar os cabelos, conhecido como tricotilomania. Quem nunca ouviu a expressão “arrancar os cabelos de nervoso”? Quem faz isso com frequência pode ser enquadrado como indivíduo compulsivo. Assim sendo, precisa de tratamento. No começo você não enxerga os malefícios desse hábito tão ruim. Contudo, quando começar a enxergar falhas na cabeça, vai ficar preocupado.
8- Impulso sexual excessivo
Assim, como no caso da mentira, a compulsão sexual pode atrapalhar o relacionamento de um casal. É importante que as partes envolvidas decidam fazer sexo com uma frequência que não seja abusiva juntos. Assim, quando uma das partes sofre com mais libido e vontade de transar do que a outra, coloca-se sobre o parceiro um peso muito grande. Nesse contexto, é possível que a compulsão se transforme em abuso e o relacionamento torne-se abusivo.
9- Nomofobia
Por fim, destacamos a doença do nosso século. Trata-se da compulsão pelo uso do telefone celular ou “no mobile phone fobia” (fobia de não estar com o telefone). Muitos jovens e adultos da geração dos millennials já sofre com o problema. Contudo, trata-se de uma compulsão extremamente perigosa, que rouba o indivíduo do presente para inseri-lo em realidades em que não vive.
No texto de hoje, vimos como funciona a compulsão. Além disso, quais são os tipos mais comuns de comportamentos compulsivos. É muito importante lembrar que a terapia pode ajudar a amenizar ou cessar o ato compulsivo.
Quer que seus amigos também saibam um pouco mais sobre o assunto? Que tal compartilhar este post com eles em suas redes sociais?
Grande abraço e até breve!